quarta-feira, 13 de agosto de 2014

De Ilha-presídio a Ilha-paraíso

Praia de Dois Rios. Foto: Juliana Fernandes

Nem só de praia vive a Ilha Grande. Sua história é envolvida pela beleza cênica, com certeza! Mas até 1990, funcionava na Ilha, primeiramente, um Lazareto que serviu para triagem e quarentena para passageiros doentes que desembarcavam no Brasil, com cólera, chegando a atender mais de quatro mil embarcações durante os 28 anos de funcionamento. Em 1889, Dom Pedro II foi levado ao Lazareto na condição de prisioneiro onde aguardou o transporte que o levaria para o exílio.

Em 1902, o Presidente Marechal Floriano Peixoto determinou que o Lazareto fosse usado como presídio político, já que estava sendo pouco utilizado como leprosário. Mas só contei isso para que entendam que a Ilha teve dois presídios - o Lazareto, que teve sua função alterada para presídio; e o Instituto Penal Cândido Mendes, instalado na Vila de Dois Rios. Vi um vídeo no youtube, o que me motivou a fazer essa postagem.


Ruínas do Lazareto, na Praia Preta (Vila do Abraão). Foto: Juliana Fernandes.

Voltando ao assunto... Depois, como foi construído o presídio de Dois Rios, os presos políticos foram do Lazareto para ela transferidos, sendo utilizado para os presos comuns e, depois de um tempo, ficando sem serventia.

Presídio de Dois Rios (ruínas). Foto: Juliana Fernandes.

Juntamente com a construção do presídio, foram construídas residências para os seus funcionários, guardas,  na Vila de Dois Rios.

Em 1985, o Instituto Penal Cândido Mendes é cenário para uma das maiores fugas do Brasil. “No último dia do ano, o traficante José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha, foge da
penitenciária” (http://www.ilhagrande.org), tendo sido resgatado de helicóptero.

Em 1990, o presídio teve suas portas fechadas, e, em 1994,  “por ordem do então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola e do secretário de Justiça Nilo Batista” (http://www.ilhagrande.org), o Instituto
Penal Cândido Mendes, chamado popularmente de Caldeirão do Diabo, foi implodido, para
o que foram usados 200 quilos de dinamite.

Vejam esse vídeo, com um trecho do Jornal Nacional, e que retrata a implosão do antigo presídio da Ilha Grande, Instituto Penal Cândido Mendes. Hoje, nele funciona um Ecomuseu, que conta um pouco dessa história toda! O vídeo está neste link: https://www.youtube.com/watch?v=5gM2mgXc2Io .

Ecomuseu. Foto: Juliana Fernandes.

Mais um detalhe. Vários nomes conhecidos estiveram presos lá na Ilha Grande: Graciliano Ramos*, Orígenes Lessa, Agildo Barata e André Torres,  Madame Satã, Fernando Gabeira, Flores da Cunha e Luiz Carlos Prestes, o escritor Nelson Rodrigues, além do próprio Escadinha e de Lúcio Flávio.

* Em sua permanência no Presídio da Ilha Grande, Graciliano Ramos escreveu a obra "Memórias do Cárcere".

Enfim, há muito o que conhecer na Ilha, não só praias, não só cachoeiras,  tampouco só trilhas. Há vida passada e vida presente! Não é apenas um "pedaço de terra cercada de água por todos os lados", é um sistema, um organismo vivo, dinâmico. Vamos conhecer?